sexta-feira, 24 de setembro de 2010


Sonda-me, ó Deus, pois sei que nem eu me conheço,

não sei o que desejo e nem o que mereço,

que caminho seguir, que palavras dizer,

que sementes plantar e que frutos colher.

Tu que criaste, ó Deus, o coração humano,

imenso como o céu, profundo como o oceano,

podes sondá-lo bem, com poder e firmeza,

esquadrinhá-lo, enfim, na sua profundeza

e arrancar o que é mau: a vaidade mesquinha

e o ódio, como quem arranca a erva daninha,

que faz secar o verde e faz morrer a flor,

a humildade e a pureza, a submissão e o amor.

Sonda-me ó meu Senhor, com Teu olhar paterno,

e guia-me afinal pelo caminho eterno.


O caminho de paz, o caminho de luz,

o caminho de amor de Teu Filho Jesus!

Que outro não há, bem sei, que nos conduz à calma.

Sonda meu coração e esquadrinha minh'alma,

mede o meu pensamento e a minha vida sonda,

que de Ti - ai, bem sei! - não há o que se esconda:

nem a estrela no céu, nem a haste no feixe,

nem o peixe no mar, nem o ímpio no peixe,

nem o orvalho na flor, nem a flor no caminho,

nem a concha na areia ou a rosa no espinho.

Tudo escutas, ó Pai, terrivelmente tudo,

do soluço mais grave ao riso mais agudo.


Sonda-me ... o Teu olhar é penetrante e terno,

a Tua voz é clara e o Teu Caminho eterno,

e eu sei que, após sondar-me, afinal me darás

a verdadeira paz, a procurada paz!

Poema de Gióia Júnior